
A inteligência artificial é um tema que está em alta nos últimos anos, desde a popularização do ChatGPT. O Doutor Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro que é o autor desta fala e explica seu ponto de vista em diversas participações que fez em podcasts e também em seu livro "O Verdadeiro Criador de Tudo".
“Do ponto de vista científico, digo isso há anos, e agora Noam Chomsky usa a mesma frase, a inteligência artificial não é nem inteligente nem artificial. Não é artificial porque é criada por nós, é natural. E não é inteligente porque a inteligência é uma propriedade emergente de organismos interagindo com o ambiente e com outros organismos. É um produto do processo darwiniano de seleção natural. O algoritmo pode andar e fazer coisas, mas não são inteligentes por definição. Se estivesse vivo, Charles Darwin teria um infarto com isso.” - Miguel Nicolelis, neurocientista, trabalha há 30 anos com redes neurais, mecanismo por trás dos atuais algoritmos de aprendizado de máquina. Para ele, a inteligência é o resultado de milhões de anos de evolução, que não podem ser computados em código binário
No livro, Nicolelis nos leva por uma viagem emocionante pelo mundo da mente humana e da inteligência artificial. Ele argumenta que, embora as máquinas digitais tenham avançado muito, ainda estão longe de igualar a complexidade e o poder do cérebro humano. No entanto, ele adverte que o uso excessivo da tecnologia pode, de fato, afetar nossa capacidade cognitiva.
“Quando o cérebro realiza alguma coisa, ele realiza usando matéria orgânica. E esse é um conceito que desapareceu da nossa convivência diária. Nem tudo pode ser reduzido a um algoritmo digital. Ao contrário: a vasta maioria dos fenômenos naturais não pode. Por isso que previsão do tempo é tão incerta."
Disse o neurocientista, que leciona e lidera estudos na Universidade Duke, nos Estados Unidos. Inclusive, muitos dos profissionais envolvidos no projeto NeuraLink do Elon Musk foram alunos de doutorado do professor doutor Nicolelis.
Ao longo de sua obra, Nicolelis nos presenteia com insights profundos sobre como o cérebro moldou o universo conforme o conhecemos. Ele nos lembra que a verdadeira magia da mente humana reside em sua capacidade de criar e inovar, algo que as máquinas ainda não conseguiram replicar com perfeição (e ele diz que talvez nunca irão).
Nicolelis também nos alerta para os perigos de uma dependência excessiva da tecnologia. Ele explica como o sucesso dos sistemas digitais pode nos levar a subestimar a complexidade do funcionamento cerebral, correndo o risco de empobrecer nossa própria inteligência. Em outras palavras, facilitar demais o trabalho mental utilizando as tecnologias pode levar ao emburrecimento.
Enquanto nos maravilhamos com os avanços da inteligência artificial, é importante lembrar por que as máquinas nunca poderão replicar completamente a essência do ser humano.
Em primeiro lugar, nossa capacidade de empatia e compreensão emocional é única. Os seres humanos têm a habilidade de se conectar emocionalmente uns com os outros de uma maneira que as máquinas simplesmente não podem replicar. Somos capazes de entender as nuances da linguagem corporal, expressões faciais e tom de voz, o que nos permite formar laços profundos e significativos.
Além disso, nossa criatividade é incomparável. Enquanto as máquinas podem ser programadas para seguir padrões e regras predefinidas, a verdadeira inovação e originalidade vêm da mente humana. Somos capazes de pensar fora da caixa, encontrar soluções para problemas complexos e criar obras de arte que inspiram e emocionam.
Outro aspecto fundamental é nossa capacidade de adaptação e aprendizado contínuo. Enquanto as máquinas são limitadas pelo que foram programadas para fazer, os seres humanos têm a capacidade de aprender e se adaptar a novas situações e desafios. Somos seres flexíveis e criativos, capazes de nos reinventar e crescer ao longo da vida, justamente ao contrário das máquinas que apenas podem fazer aquilo que foram programadas para fazer.
Por fim, é importante destacar que nossa humanidade está enraizada em nossas imperfeições. São nossas falhas e vulnerabilidades que nos tornam humanos, e é essa humanidade que nos permite nos conectar uns com os outros de maneira significativa.
Enquanto as máquinas podem nos ajudar em muitas áreas e facilitar nossas vidas de várias maneiras, é improvável que elas substituam completamente os seres humanos. Elas podem sim facilitar nossa vida enquanto extingue certas profissões, como por exemplo o despertador. As pessoas antigamente pagavam as outras para acordarem em um determinado horário, com a criação do relógio com despertador, essa profissão deixou de existir.
Nossa capacidade de amar, criar, aprender e crescer é o que nos torna verdadeiramente únicos e insubstituíveis. Embora nossa compreensão do mundo e de nós mesmos tenha evoluído ao longo dos séculos, uma questão continua a intrigar filósofos, cientistas e pensadores: o que nos torna verdadeiramente humanos? Mas o que de fato quero trazer com este texto é que nós seres humanos e pensantes sempre vamos nos adaptar e criar ferramentas para que possamos ter mais progresso e o progresso vai nos trazer mais conforto e tempo com quem nós amamos, mesmo que tenhamos que aprender coisas novas para que isto aconteça.